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Existem diversas maneiras de se avaliar a viabilidade de um determinado investimento. As mais conhecidas são: payback simples, payback descontado, VPL e TIR. Os demais métodos financeiros de se avaliar um investimento geralmente são uma variação ou combinação destes que acabamos de listar.
É muito importante que se conheça, não só a maneira como se utiliza o método, mas também a mecânica que está por trás de cada um deles. Quando se conhece a forma como o método trabalha, fica muito mais simples a realização de adaptações e alterações à forma mais adequada ao investimento analisado.
Este artigo abordará o método do payback descontado. Explicaremos tudo sobre a ferramenta e como ela pode ser aplicada para a avaliação e comparação de diferentes modalidades de investimentos.
- Calcular Ponto de Equilíbrio
- Calcular TIR
- Calcular MARKUP
- Calcular VPL
- Calcular CMV
- Calculadora de ROI
- Margem de Contribuição
- Custo Médio Ponderado
O que é payback simples?
A palavra payback vem do inglês e em tradução literal significa “pagamento de volta”. Em finanças, o payback simples é entendido como o tempo de retorno de um determinado investimento. Ele é a medida que o investidor usa para saber em quanto tempo ele terá de volta o dinheiro aportado em uma aplicação.
É comum ouvirmos falar de investimentos com retorno em X anos ou meses, esta é uma maneira muito prática de se comparar duas aplicações distintas. Certamente aquela que retorna o valor em menos tempo já possui um diferencial para o investidor que tomará a decisão.
Assim, o payback é sempre dado em unidades de tempo, geralmente meses ou anos.
O que é payback descontado?
O payback descontado, o qual será mais trabalhado neste artigo, é uma variação do payback simples que busca alinhar o valor do indicador com as taxas do negócio e, de alguma maneira, com os riscos envolvidos. Obviamente que o payback descontado não consegue capturar todo o risco atrelado ao investimento. Contudo, ele é mais efetivo que o payback simples na hora de avaliar duas ou mais opções de negócios.
O payback descontado leva em consideração o conceito de valor presente líquido, ou seja, o quanto valeria cada fluxo de caixa projetado para o investimento, caso o desconto da aplicação fosse hoje.
O valor presente líquido busca trazer os fluxos de caixa projetados para o atual momento.
O conceito de Valor Presente Líquido
O valor presente líquido, ou VPL, é o desconto dos fluxos de caixa produzidos por um investimento a valor presente. Ou seja, simula-se quanto seria o valor do fluxo futuro, caso o desconto da aplicação fosse no momento presente.
Para calcular-se o valor presente líquido, precisamos nos lembrar da fórmula básica para cálculo de juros compostos: FV = PV * (1 + i)n
sendo:
– FV = valor futuro
– PV = valor presente
– i = taxa de juros
– n = número de períodos
O nosso VPL sempre será o PV, ou seja, o valor presente. Para isolá-lo na equação, vamos fazer alguns ajustes na fórmula:
Agora que já temos a fórmula para calcular o VPL, podemos seguir para um exemplo. Qual o valor presente líquido de um investimento que promete resgate de R$10 mil em 5 anos e taxa de 10%a.a.?
Este seria o Valor presente líquido do investimento caso ele fosse descontado na data de hoje.
Como calcular o payback descontado?
Vamos agora entender o payback descontado. Ele segue as mesmas regras do payback simples, porém utiliza os fluxos já trazidos a valor presente, considerando assim a taxa de retorno esperada para o negócio.
Suponha que um investimento prometa produzir os seguintes fluxos de caixa:
Investimento Inicial | Fluxo 1 | Fluxo 2 | Fluxo 3 | Fluxo 4 | Fluxo 5 | Fluxo 6 |
-100.000 | -20.000 | 30.000 | 45.000 | 50.000 | 30.000 | 30.000 |
Se montarmos uma tabela de amortização para o cálculo do payback simples, termos a seguinte formação.
Fluxo de Caixa | Inicial | FC 1 | FC 2 | FC 3 | FC 4 | FC 5 | FC 6 |
Valores | -100.000 | -20.000 | 30.000 | 45.000 | 50.000 | 30.000 | 30.000 |
Saldo de Caixa | -100.000 | -120.000 | -90.000 | -45.000 | 5.000 | 35.000 | 65.000 |
Observando a tabela de amortização, podemos ver que o saldo de caixa passa a ser positivo a partir do 4º fluxo, ou seja, entre os anos 3 e 4 houve o pagamento da aplicação do investidor. Os valores recebidos daí pra frente são apenas lucros.
Fazendo o cálculo do payback simples temos:
O valor do cálculo no diz que o payback foi de 3 anos mais 36,5 dias. Arredondando, temos 3 anos, 1 mês e 7 dias. Este é o payback simples para o projeto.
O payback descontado será feito da mesma maneira, contudo, aplicaremos a taxa equivalente ao custo de capital e traremos todos os fluxos a valor presente. Vamos supor que a taxa usada seja de 5%a.a. Nossa tabela de amortização ficará assim:
Fluxo de Caixa | Inicial | FC 1 | FC 2 | FC 3 | FC 4 | FC 5 | FC 6 |
Valores | -100.000 | -20.000 | 30.000 | 45.000 | 50.000 | 30.000 | 30.000 |
VPL a 5%a.a | -100.000 | -19.047,62 | 27.210,88 | 38.872,69 | 41.135,12 | 23.505,78 | 22.386,46 |
Saldo de Caixa | -100.000 | -119.047,62 | -91.836,74 | -52.964,05 | -11.828,93 | 11.676,85 | 34.063,31 |
Fazendo agora o mesmo processo da tabela anterior, porém considerando os fluxos de caixa trazidos a valor presente, o investimento será pago no 5º ano. O cálculo será feito da mesma maneira:
Sabemos que o caixa ficou positivo em 4 anos e mais 143,92 dias, ou seja, o payback descontado será de 4 anos, 4 meses e 24 dias.
Como calcular a taxa de desconto através do CMPC?
A taxa de desconto dos investimentos em geral já é dada. Mas caso seja uma empresa com capital próprio e também de terceiros, a taxa de desconto será o CMPC (custo médio ponderado de capital).
Para obter esta taxa, basta verificar a quantidade e o custo de cada fonte de capital, posteriormente calcula-se uma média ponderada e se obtém o valor do CMPC.
Se o custo de oportunidade do país é de 10%a.a. e a taxa de juros empresarial é de 15% a.a. Uma empresa composta por 60% de capital próprio e 40% de capital de terceiros terá um CMPC de: (10% * 0,6) + (15% * 0,4) = 12% a.a.
Conclusão
O payback descontado é uma maneira mais efetiva que o payback simples para se calcular o tempo de retorno de um investimento empresarial, visto que ele considera as taxas envolvidas e o custo de capital atrelado à operação.