Salário líquido: Como calcular os descontos após reforma trabalhista? [atualizado para 2023]
Todo trabalhador registrado em carteira já se deparou com dois valores referente ao seu salário do mês junto ao recibo de pagamento. Isso não é apenas comum, mas permitido por lei. No holerite de qualquer funcionário há o salário bruto e o salário líquido, sendo que o bruto será sempre o valor maior. O que acontece é que o salário líquido é o valor final já descontado todos os impostos e incluído os benefícios.
Embora muitas pessoas já saibam dessa diferença entre salário bruto e salário líquido, a maioria delas não entende como funciona o cálculo deste desconto. Por isso, nós preparamos um guia para você entender mais a fundo o que é e como é feito o cálculo do salário líquido. Confira a seguir tudo sobre o seu salário e como é feito o cálculo:
O que é salário bruto e salário líquido?
De uma forma bem simples, o salário bruto é o valor combinado entre empregado e empregador durante a contratação. Embora ele esteja registrado na carteira do funcionário, o salário recebido no mês é menor por causa dos descontos. Esses descontos fazem com que o funcionário receba apenas o salário líquido em dinheiro.
No próprio holerite do funcionário é possível ver duas colunas, a de proventos e a de descontos. O salário líquido do trabalhador segue um cálculo bastante simples. Primeiro é preciso somar todos os proventos e depois subtrair todos os descontos. Dessa forma é possível descobrir o salário líquido recebido pelo funcionário.
Proventos
O principal item dessa coluna é o próprio salário combinado entre empregado e empregador. O nome desse salário como já vimos é salário bruto, pois ele ainda não passou pelos descontos. Embora esse valor não chegue integralmente em sua mão, o salário bruto é o valor real do seu salário, pois até mesmo os descontos serão para o seu benefício.
Após a reforma trabalhista, muitas dúvidas surgiram em relação ao que é incluído no salário bruto do funcionário. Confira a seguir todos os itens que fazem parte do salário bruto considerando a nova lei trabalhista:
- Valor estipulado em contrato (salário);
- Gratificações legais e de função (adicional de insalubridade, entre outros);
- Comissões geradas no mês;
- Auxílio-alimentação (somente se for pago em dinheiro);
- Horas extras trabalhadas.
Descontos
Já a coluna de descontos contém todos os itens que podem ser descontados do salário do trabalhador. Esses itens geralmente são carregados de benefícios e impostos. Confira a seguir o que é permitido por lei descontar do salário do trabalhador:
- INSS (Previdência Social);
- IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte);
- Vale transporte;
- Vale refeição;
- Vale cultura;
- Aviso prévio;
- Empréstimo consignado;
- Faltas não justificadas;
- Contrato coletivo;
- Pensão alimentícia;
- Adiantamento do salário.
Com a aprovação da reforma trabalhista, a contribuição sindical deixou de ser um desconto obrigatório no salário dos trabalhadores. Agora, todos os trabalhadores têm direito de não contribuírem ao sindicado de trabalho correspondente a sua profissão. Para que a contribuição possa ser feita, o empregador precisa de uma autorização individual de cada funcionário.
Outro desconto que é expressamente proibido é o do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Todo trabalhador tem direito de receber o depósito do FGTS pago pelo empregador. Contudo, esse depósito não pode ser descontado de nenhuma forma do funcionário. A empresa que realizar descontos referente ao pagamento do INSS poderá ser processada pela Justiça do Trabalho.
Como calcular o desconto do INSS e IRRF?
Os dois descontos são obrigatórios e regulamentados de acordo com a nova reforma trabalhista. O desconto do INSS, é um valor pago referente à Previdência Social do trabalhador. Esse desconto ocorre todos os meses, e é enviado diretamente para o Instituto Nacional de Seguro Social. É através desse desconto que o INSS paga benefícios como Seguro-desemprego, aposentadoria, entre outros.
Já o IRRF, é o imposto cobrado diretamente sobre a sua renda. No geral, todos os cidadãos brasileiros são obrigados a declarar sua renda e contribuir com o Imposto de Renda. Contudo, no caso dos trabalhadores registrados em carteira essa contribuição ocorre por meio do IRRF.
Mas é importante salientar que dependendo da renda do trabalhador é preciso realizar também a declaração do IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física).
Para que você fique sempre por dentro dos valores descontados do INSS e do IRRF, confira a seguir como é feito o cálculo desses dois descontos:
Cálculo do INSS [Tabela INSS 2023]
O cálculo do INSS é feito com base em uma tabela progressiva, onde quem recebe mais paga uma contribuição mais cara. Os descontos dessa tabela variam de 7,5% a 14% em relação ao salário bruto do funcionário. Há ainda um valor de contribuição fixo para quem recebe mais que 7.087,22 por mês (de R$ 828,38 - Teto do INSS).
Salário e desconto por mês no INSS
- Até R$ 1.320,00 - 7,5% de desconto;
- R$ 1.212,01 até R$ 2.427,35 - 9% de desconto;
- R$ 2.427,36 até R$ 3.641,03 - 12%
- De R$ 3.641,04 até R$ R$ 7.087,22 - 14% de desconto;
- Acima de R$ 7.087,22 - R$ 828,38 de desconto.
Cálculo do IRRF
Já o cálculo do IRRF segue uma dedução como base para o cálculo do salário bruto. O Imposto de Renda descontado do salário bruto é feito de acordo com a faixa de renda de cada funcionário. Os descontos vão de 7,5% a 27,5% dependendo da renda mensal. A tabela do IRRF diz o seguinte:
Base de cálculo, alíquota e dedução de desconto
- Até R$ 2.112,00 - 0,0% - dedução isenta;
- De R$ 2.112,01 até R$ 2.826,65 - 7,5% - dedução de R$ 143,80;
- De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05 - 15% - dedução de R$ 354,80;
- De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68 - 22,5% - dedução de R$ 636,13;
- Acima de R$ 4.664,68 - 27,5% - dedução de R$ 869,36.
Cálculo do salário líquido
O cálculo do salário líquido seguirá a matemática dos dois primeiros cálculos. Para isso, é preciso descontar primeiramente o INSS do salário bruto. É a partir desse primeiro resultado que o IRRF será calculado. No caso do IRRF, valores como INSS, pensão alimentícia e o número de dependentes do trabalhador também contribuem para o cálculo.
Após o cálculo desses principais descontos, o salário bruto recebe os descontos dos benefícios recebidos. Nesse caso, o cálculo é feito a partir de uma subtração, onde todos os descontos obrigatórios e autorizados pelo empregado são subtraídos do salário bruto. Dessa forma, o resultado final será o salário líquido que o funcionário deverá receber naquele mês.